segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

TREKKING EM GOIANINHA, RN.

Grupo Onça Pintada(GOP) no início da trilha com frutos de Sapucaia em mãos.
      No dia 27 de dezembro de 2009 o grupo formado por Francisco, Júlio, Filipe e Luíz Mossoró viajou do município de Parnamirim até Goianinha, com o objetivo de realizar trekking em um resquício de Mata Atlântica as margens de Canaviais, localizado no lado esquerdo da rodovia BR-101, no sentido Parnamirim para Goianinha,após cerca de 4 quilômetros da "ladeira do Ribeiro".
ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE GOIANINHA.
      O município de Goianinha estar localizado na Região Agreste do estado do Rio Grande do Norte, distante 54 quilômetros de Natal a capital do estado. As principais economias desse município são: a cana-de-açucar, sendo um dos maiores produtores do estado; a carcinicultura e a pecuária. O povoado que deu início a formação do que é hoje o município de Goianinha era chamado no princípio de Goiana, palavra de origem tupi guarani que significa “abundância de caranguejos”. A partir do século XVIII, o nome do povoado mudou para Goianinha, diferenciando-se da Goiana Grande do estado de Pernambuco.
Luíz,Guia e Integrante do GOP.
      BREVE DESCRIÇÃO DA CAMINHADA ECOLÓGICA.
Essa excursão foi sugerida e guiada por Luíz Mossoró, pois este já conhecia as trilhas, já que havia percorrido-as anteriormente de bike junto com seus colegas. Ao descermos do carro na BR-101 caminhamos cerca de 1,5 km entre grandes áreas cultivadas com cana-de-açucar até a entrada da Mata onde encontramos muitos frutos de Sapucaia no chão.
Canavial próximo a BR-101 em Goianinha,RN.
      Iniciamos o trekking em uma trilha estreita com densa vegetação constituída principalmente por arbustos e árvores, algumas com cerca de 12 metros de altura, entre as espécies típicas da nossa flora que conhecemos e vimos nessa trilha, estava a Sapucaia(Lecythis pisonis),Pau-ferro(Caesalpinia ferrea),Pau-mulato(Myrcia multiflora), Cauaçú(Coccoloba sp),Cajueiro(Anacardium occidentale),Pata de Vaca(Bauhinia cheilantha),Mangabeira(Hancornia speciosa),Murici(Byrsonima sp.), etc.
Sapucaia(Lecythis pisonis) com frutos do tipo pixídio, uma forma de cumbuca com tampa.
Flor e folhas de Murici.(Byrsonima sp.)
Inseto Orthoptera conhecido como Esperança devorando o pólen da flor.
Integrantes do GOP no final da trilha próximo ao canavial.
      Durante a trilha principal que terminou num canavial alto,presenciamos também alguns animais,como um mamífero, um pequeno grupo de sagui-de-tufos-brancos(Callithrix jacchus) muito arisco, muitas aves entre estas, algumas que conhecemos como gavião carijó (Rupornis magnirostris),carcará(Polyborus plancus),bem-te-vi(Pitangus sulphuratus) e muitos pássaros pequenos cantando no interior da floresta, três répteis, calango(Cnemidophorus ocellifer),lagarto(Enyalius catenatus),lagartixa(Tropidurus torquatus) dois anfíbios anuros, um destes não foi possível identificar, mas o outro era uma rã-touro(Lithobates catesbeianus),uma espécie invasora.
Lagarto(Enyalius catenatus) camuflado sobre cumpizeiro.
GOP caminhando na trilha.
      Além dos animais vertebrados vimos também muitos invertebrados, principalmente representantes do Filo (táxon) Artropoda, muitas cigarras vocalizando, percevejos, formigas em grandes ninhos como a espécie Asteca sp.,vespas,ninho de abelha com favos sem mel, besouro,gafanhotos,esperanças,inclusive uma dessas estava alimentando-se de pólen,borboletas,embuá,concha de molusco,etc.
Percevejo ou barata?
Formigueiro de Asteca sp.
Favos de mel abandonados.
Esperança alimentando-se de grãos pólen numa flor.
Inseto Orthoptera,conhecido popularmente como esperança.
Borboleta alimentando-se de néctar em flor.
Borboleta, Inseto Lepidoptera.
Borboleta Estaladeira Hamadryas feronia,esta espécie têm o hábito de pousar de cabeça para baixo.
Embuá ou piolho de cobra,um Diplopoda.
Concha de molusco abandonado.
      Quase no final da trilha principal paramos para observar umas plantas às margens de um riacho e de repente percebemos um som como se fosse de algum objeto cortando madeira, avançamos em silêncio até que presenciamos uma clareira no interior da floresta com muitos arbustos e árvores derrubadas, algumas estacas empilhadas, mais na frente vimos rapidamente um homem com um facão em mãos e uma mulher, eles ficaram assustados com nossa presença, e poucos metros a frente uma carroça com uma égua que provavelmente era o veículo utilizado para carregar as estacas,frutos daquele desmatamento. Não sabemos se eles tinham autorização para cortar aqueles arbustos e árvores, pensamos que não, pois eles não quiseram se aproximar de nós e posteriormente pararam de derrubar a vegetação nativa daquela mata.
Riacho,em destaque uma palmeira(família Arecaceae) e outras plantas.
Carroça e égua em clareira de mata pronta pra carregar estacas.
GOP subindo na trilha.
GOP em área mais aberta da trilha.
      Na volta saímos da trilha principal e encontramos um riacho que foi represado formando um pântano com muitas plantas aquáticas como, por exemplo, Lírio de água (Nymphaea sp.) e aninga(Montrichardia linifera).
Pântano cheio de plantas e rãs-touro.
     Nessa área alagada vimos muitos indivíduos da espécie rã-touro (Lithobates catesbeianus), um animal invasor que foi introduzido no Brasil a partir da década de 1940 com o objetivo de ser cultivada comercialmente a fim de explorar sua carne e subprodutos como o couro.
Rã-touro (Lithobates catesbeianus),espécie não brasileira.
      Entretanto a partir de 1990 a ranicultura começou a fracassar proporcionando o abandono de instalações onde elas eram criadas por muitos produtores permitindo a fuga desses animais que se adaptaram muito bem a muitos de nossos ecossistemas naturais. O Grande problema é que devido ao seu hábito alimentar generalista, comportamento predatório voraz e porte corporal avantajado, ela pode interferir na estabilidade de comunidades onde historicamente não era encontrada. Essas interferências geram impactos ecológicos, tais como a extinção e declínio de espécies nativas, que são decorrentes da competição exclusiva, da predação, da transmissão de patogenicidades e até mesmo da hibridização com outras espécies.
GOP próximo a um pivô central,responsável por irrigar a plantação de cana-de-açucar.
      Após sairmos da Mata seguimos em direção a rodovia e durante o percurso vimos uma grande máquina,um pivô central que é responsável por irrigar a plantação de cana-de-açucar. Depois de cerca de 13 quilômetros de trekking chegamos a estrada onde partimos de ônibus de volta para Parnamrim, terra desses grandes andarilhos.

PARA CONHECER A FAUNA E FLORA VISTA NESSA EXCURSÃO OU EM OUTRAS,ACESSE:http://faunaefloradorn.blogspot.com.br/
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