terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Expedição à Região Seridó Potiguar

Grupo Onça Pintada na frente da Igreja do Rosário em Acari,Rio Grande do Norte.
   Nos dias 22 e 23 de novembro de 2014 o grupo formado apenas por Elias,Francisco e Luís viajou aos municípios de Acari, Jardim do Seridó, Parelhas e Carnaúba dos Dantas, tendo como principais objetivos conhecer e registrar a atual situação do açude gargalheiras, visitar ao Museu do Sertanejo, apreciar o Geosítio Pedra Lavrada, praticar trekking ao longo do curso do rio Seridó, observar a fauna e flora da região do Seridó, encontrar o Sítio arqueológico Tanques, ir ver o Sítio arqueológico Mirador e o açude Boqueirão em Parelhas, subir no Monte do Galo e conhecer pelo menos um Sítio arqueológico em Carnaúba dos Dantas.
   Partimos de Parnamirim as 4:30h da manhã pela Rodovia BR-101 passando pelo território dos municípios de Macaíba, deixando-a em seguida continuando nossa viagem pela Rodovia BR-226,  atravessando o território de Bom Jesus,Senador Eloy de Souza,Serra Caiada,Tangará, até chegarmos a Santa Cruz, onde paramos para o desjejum, tomando café com vista para o Complexo Turístico-religioso Santa Rita de Cássia. Em seguida continuamos nossa viagem passando por Campo Redondo, Currais Novos e por volta das 7:30h chegamos a cidade de Acari, conhecida nacionalmente como a "cidade mais limpa do Brasil".
Grupo Onça Pintada na frente da Igreja do Rosário em Acari,Rio Grande do Norte.
   O tempo estava nublado, nuvens escuras no céu, parecia que ia chover naquele dia pra alegrar os sertanejos que lutam a centenas de anos com o problema climático das prolongadas estiagens nessa região de clima semiárido. Primeiramente visitamos o templo principal da Igreja Católica de Acari, a Igreja Matriz que data de 1863, um prédio com duas torres, de grande beleza arquitetônica. Mais adiante fizemos uma parada obrigatória pra quem quer conhecer  a riqueza da história e cultura do Seridó, em especial da cidade de Acari, com destaque para os ciclos do algodão e do gado nessa região, estamos falando do grande Museu do Sertanejo ou Museu de Acari localizado no prédio onde funcionava a antiga Casa da Câmara e Cadeia.
Membros do Grupo Onça Pintada(GOP) em visita ao Museu do Sertanejo ou Museu de Acari.
Membros do Grupo Onça Pintada(GOP) em visita ao Museu do Sertanejo ou Museu de Acari.
Membro do Grupo Onça Pintada(GOP) observa peças do Museu do Sertanejo ou Museu de Acari.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Acari/RN.
    Após uma viagem no tempo através da observação,análise e discussão sobre os objetos que compõe o acervo do Museu, fomos em direção ao "açude gargalheiras"(a Barragem Marechal Dutra) que abastece os municípios de Acari e Currais Novos e infelizmente nesse momento ele atingiu o menor volume de água desde a sua inauguração. Apesar da situação bastante crítica o sertanejo não perde a fé e continua acreditando que o "inverno" está próximo e será muito bom.
Vista parcial do Açude Gargalheiras em Acari com o tempo nublado.
Açude Gargalheiras em Acari,com o menor volume de água desde a sua inauguração
   Mesmo em período de seca, a paisagem no entorno do Gargalheiras, incluindo a cadeia de montanhas, a vegetação e a fauna típica da Caatinga que encantam com a sua beleza ímpar. Para nossa surpresa as nuvens escuras não eram totalmente passageiras, houve sim algumas pancadas de chuvas rápidas com o sol entre nuvens, aumentando ainda mais a esperança do seridoense de que um inverno bom está a caminho.
Alguns representantes da fauna do Seridó que foram observados e fotografados nessa Expedição.
Flores de apenas duas espécies de plantas da Caatinga Seridoense que vimos nessa viagem.
   Demos continuidade a nossa jornada, pois ainda havia muitas coisas interessantes a conhecer. Nosso segundo destino: Jardim do Seridó. Já nessa cidade nos informamos com o moto-taxistas como chegaríamos a Ponte Pedra Lavrada, deixamos a zona urbana e após cerca de 3 quilômetros avistamos esta abandonada sobre os filetes de água do rio Seridó.
Ponte da Pedra Lavrada.

Membros do GOP com guia local, praticando trekking no curso do Rio Seridó em Jardim do Seridó/RN.
   Sob a orientação do senhor Expedito, deixamos o carro nas proximidades e iniciamos nosso trekking margeando o curso do rio citado, em busca de algumas supostas gravuras rupestres em baixo relevo registradas nas rochas que margeiam o rio Seridó, contemplando e fotografando a fauna e flora local. Observamos muitas espécies de aves, como por exemplo a arribaças, martim-pescador-pequeno, socó-boi,socozinhos, garças,casaca-de-couro-da-lama, sabiá-do-campo,galos-de-campina,golinha,vem-vem, sibites, periquitos-da-caatinga,entre outras espécies animais. Após mais de duas horas(ida e volta) de trilha em relevo acidentado partimos de volta para o centro da cidade pra almoçarmos.
Igreja Santuário do Sagrado Coração de Jesus em Jardim do Seridó/RN
Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Jardim do Seridó/RN.
Primeira casa de Jardim do Seridó/RN. Ela mantêm a fachada da época quando foi construída.
   Depois do almoço e de alguns minutos de descanso, fomos conhecer alguns prédios históricos como a primeira casa da cidade, onde curiosamente se hospedou  Frei Caneca, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Ó, O Santuário do Sagrado Coração de Jesus, a Casa de Cultura, etc. Em seguida deixamos a cidade no sentido da Serra da Rajada a fim de encontrarmos o Sítio Tanques, onde se encontra um Sítio arqueológico com pinturas e gravuras rupestres. Chegando lá, fomos muito bem recebidos pela Senhora Gercina Eduarda da Silva, a dona da propriedade onde está o Sítio. Ela nos ensinou como chegarmos até lá e facilmente o encontramos. Durante a pequena trilha observamos muitas arribaças em grande bandos de passagem, muitos quero-queros,sibites, rolinha branca, rolinha-roxa, coruja-buraqueira,beija-flor,bacurauzinho-da-caatinga, etc. Em relação ao Sítio arqueológico está localizado a margem de um riacho,com um tanque natural maior, com algumas pinturas de cor predominantemente vermelha  bem "deterioradas" devido aos diversos fatores ambientais, em um dos grandes blocos dos dois que se destacam na paisagem acima do curso do riacho, e algumas gravuras em baixo relevo tanto nos blocos de rochas acima do riacho como no afloramento rochoso mais em baixo onde durante grandes invernos a água cobria.
Sítio Tanques em Jardim do Seridó/RN.
Gravuras rupestres da tradição Itaquatiara no Sítio arqueológico Tanques em Jardim do Seridó.
Gravura rupestre da tradição Itaquatiara no Sítio arqueológico Tanques em Jardim do Seridó.
Gravuras rupestre em baixo relevo no Sítio arqueológico Tanques em Jardim do Seridó.
   Esse pequeno local é muito bonito mesmo durante a seca onde as flores amarelas das caibreiras(ipê) contrastam com o céu azul, ao som do canto dos sibites e com os voos dos malabaristas beija-flores em busca de néctar em suas flores, além do espetáculo do por do sol e a fenomenal revoada de grandes bandos de aves que se reúnem no mesmo local pra dormir.
Por do sol no caminho pra Parelhas/RN.
Chegando em Parelhas/RN.
   Posteriormente continuamos nosso roteiro agora em direção a cidade de Parelhas, onde dormimos e na manhã do domingo após o desjejum iniciamos nossas atividades, primeiramente visitando um dos maiores "açudes" do Rio Grande do Norte, conhecido como Açude Boqueirão(Açude Ministro João Alves ) que é o Rio Seridó represado pela Barragem do Boqueirão.
Membros do Grupo Onça Pintada em trilha do Sítio Mirador em Parelhas/RN.
Vista parcial do "Açude" boqueirão em Parelhas/RN.
Membros do Grupo Onça Pintada no mirante na trilha do Mirador em Parelhas/RN.
   Bem próximo dali, encontra-se um dos principais Sítios arqueológicos do nosso estado, o Sítio Mirador que fica a cerca de 1500 metros do rio Seridó, possui pinturas da Tradição Nordeste da Subtradição Seridó (MARTIN, 1985), onde foram exumados “restos de enterramentos infantis parcialmente incinerados, mobiliário fúnebre composto de contas de colar de osso e de conchas marinhas, algumas lascas de quartzo sem retoque e uma de sílex finamente retocada; os restos malacológicos coletados na mesma área dos enterramentos poderiam fazer parte do enxoval ou do banquete fúnebre”. A datação radiocarbônica proveniente dos sepultamentos infantis em contato com as pinturas do Mirador, confirmou que essas foram feitas por indivíduos que viviam na região a pelo menos cerca de  9410 anos antes do presente.
Membros do Grupo Onça Pintada na passarela do Sítio arqueológico Mirador em Parelhas/RN.
"Caçada." Pinturas rupestres da tradição Nordeste, Subtradição Seridó no Sítio Mirador em Parelhas/RN.
 "Canoa".Pinturas rupestres da tradição Nordeste, Subtradição Seridó no Sítio Mirador em Parelhas/RN.
"Uso de planta". Pinturas rupestres da tradição Nordeste, Subtradição Seridó no Sítio Mirador em Parelhas/RN.
 "Animal Mamífero". Pintura rupestre da tradição Nordeste, Subtradição Seridó no Sítio Mirador em Parelhas/RN.
   A nossa visita a esse sítio foi rápida, pois já havíamos visitado o mesmo em 2009. Ao longo da trilha em meio a vegetação típica da Caatinga, observamos alguns aves que não conhecemos e outras bem conhecidas desse Bioma, como por exemplo o Cancão, Galo de campina, Periquito Tuim, entre outras mais comuns também no litoral, como Anum-branco,Anum-preto,etc. Esse sítio agora se encontra bem estruturado com escadarias de alvenaria de pedra, plataformas e passarelas em madeira de lei, além de fixação de placas de sinalização, obras realizadas em parceria entre o  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio Grande do Norte (IPHAN-RN) e a prefeitura de Parelhas que ficou responsável pela manutenção das estruturas e o controle da visitação. Em seguida partimos rumo a Carnaúba dos Dantas.
Membro do GOP no início da subida do Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
Membro do GOP no alto Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
Membro do GOP na sala de promessas do Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
Membros do GOP no cume do Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
   Assim que chegamos nessa cidade, iniciamos a subida no Monte do Galo que é considerado um Geossítio, onde para grande maioria dos visitantes o aspecto religioso sobrepõe o apelo geológico, já que foi fundado em 1927 e desde então recebe fiéis em romarias com bênçãos de Nossa Senhora das Vitórias, sendo considerado  um dos principais pontos turísticos religiosos do RN. "No local há capela, cruzeiro, estátua do galo(escultura em forma de galo que pesa 5 toneladas), sala dos ex-votos e os 12 passos de Cristo ao longo da subida.
Estátua do galo no Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
   Possui altura média de 155 metros, possibilitando ao visitante apreciar a vista panorâmica da cidade e das inúmeras serras da região." No topo do Monte é possível ter uma visão panorâmica da cidade e de seus arredores cercada por um complexo de serras, se destacando a imagem do Castelo do Bivar, que foi construído inspirado em um castelo renascentista francês(arquitetura medieval).
Castelo Bivar em Carnaúba dos Dantas/RN.
   Em seguida descemos do Monte do Galo e seguimos rumo ao Sítio Xiquexique acompanhados de um nativo que nos guiou até o local através das trilhas que foram revitalizadas, diferente de quando estive lá em 2008, agora os principais Sítios arqueológicos desse município apresentam escadarias de alvenaria de pedra, plataformas e passarelas em madeira de lei, além de fixação de placas de sinalização, obras realizadas em parceria entre o  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio Grande do Norte (IPHAN-RN) e a prefeitura de Carnaúba dos Dantas que ficou responsável pela manutenção das estruturas e o controle da visitação. Debaixo de sol forte em horário inadequado seguimos pelas trilhas com nosso guia até o Sítio Xiquexique 4 localizado em uma serra nos arredores da cidade de Carnaúba dos Dantas, onde são encontradas pinturas rupestres da Tradição Nordeste Sub-tradição Seridó.
Membros do Grupo Onça Pintada visitando o Sítio Xiquexique 4 em Carnaúba dos Dantas/RN.
Pinturas rupestres da tradição Nordeste do Sítio Xiquexique 4 em Carnaúba dos Dantas/RN.

   Ademais conhecemos também o Sítio Xiquexique 2. Esse apresenta-se bem ingrime, a 390 m acima do nível do mar, é uma subida cansativa para aqueles menos preparados fisicamente. "Ele forma um abrigo sob rocha com face ordenada para Sul, sendo voltado para o Rio Carnaúba. Apresenta pinturas rupestres nas cores vermelha e amarela, classificadas como sendo pertencentes à Tradição Nordeste e Subtradição Seridó, representando principalmente cenas de dança, caça e sexo."
Membros do Grupo Onça Pintada em visita ao Sítio Xiquexique 2 em Carnaúba dos Dantas/RN.
Pinturas rupestres da Tradição Nordeste do Sítio Xiquexique 2 em Carnaúba dos Dantas/RN.
Pinturas rupestres da Tradição Nordeste do Sítio Xiquexique 2 em Carnaúba dos Dantas/RN.
   Após a descida do paredão onde se encontra esse último Sítio decidimos não continuar a trilha para o Sítio Xiquexique 1 pois já era meio-dia, estávamos sem água e tínhamos programado  finalizar nossa viagem as 13:00h. Voltamos pra cidade, onde almoçamos e em seguida partimos de volta em direção a Parnamirim, terra desses andarilhos apaixonados pela natureza e história potiguar.

PARA CONHECER A FAUNA E FLORA VISTA NESSA EXCURSÃO OU EM OUTRAS,ACESSE:http://faunaefloradorn.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 12 de junho de 2014

TURISMO EM LUÍS GOMES,TRILHAS NA REGIÃO DO RELO.

Grupo Onça Pintada(GOP) em visita rápida a cachoeira do Pinga em Portalegre, durante a viagem pra Luís Gomes,Rio Grande do Norte.
     Nos dias 24 e 25 de maio de 2014 o grupo formado por Luís Mossoró, Júlio, Elias, Chagas e Francisco viajou ao município de Luís Gomes, com os objetivos de conhecer e registrar principalmente as belezas naturais da área conhecida como "Cachoeira do Relo", casa de farinha típica do município, o Museu “Centro de Cultura Escravo Jacó” e o Alto do Tabor, que foi o palco principal dos rituais de oração e penitência da Vila São Bernardo, onde as pessoas se flagelavam pedindo a Deus perdão por seus pecados e um bom inverno, pois os rituais aconteciam em épocas de seca.

RESUMO DA HISTÓRIA DE LUÍS GOMES,RIO GRANDE DO NORTE.

     "O Tenente-Coronel Luís Gomes de Medeiros, natural de Caicó, chegou à região no ano de 1756, com o objetivo de edificar raízes e de construir o futuro. Ao chegar a localidade, chamada de Serra do Senhor Bom Jesus, o Tenente Coronel construiu uma pequena casa, a primeira da futura povoação, e iniciou, em caráter experimental, um plantio de milho, feijão, mandioca e árvores frutíferas. Antes de regressar a Caicó, Luís Gomes de Medeiros passou a responsabilidade de cuidar das recentes plantações para seu fiel escravo Jacó. O escravo Jacó, trabalhador leal, deu conta do recado. Quando retornou a Serra do Senhor Bom Jesus, um ano depois, o Tenente-Coronel encontrou os frutos brotando da terra e o resultado do pioneiro trabalho sendo garantido pela fertilidade dos verdes campos da região. 
     As sementes para a fundação de uma nova povoação estavam definitivamente lançadas pela penetração no Alto Oeste Potiguar do obstinado caicoense. Não se sabe as razões que levaram Luis Gomes de Medeiros a deixar sua terra natal para aventurar-se nos rumos do desconhecido, nos distantes caminhos do extremo oeste. O povoamento da Serra do Senhor Bom Jesus foi se tornando realidade e mais exploradores foram chagando à localidade, construindo suas moradias, cultivando o solo, praticando a caça abundante, fazendo crescer o comércio local e avançando para outras áreas. Com o passar dos anos, os moradores da localidade decidiram mudar o nome do povoamento para Luís Gomes, numa merecida homenagem ao desbravador caicoense. Em 5 de julho de 1890, pela Lei nº 31, Luís Gomes foi desmembrado de Pau dos Ferros e tornou-se município do Rio Grande do Norte."
GOP na trilha que dar aceso a cachoeira do Pinga em Portalegre, durante a viagem pra Luís Gomes,Rio Grande do Norte.
Cachoeira do pinga em Portalegre,RN.


BREVE DESCRIÇÃO DA EXCURSÃO

     Partimos de Parnamirim as 4 horas da manhã no dia 24 de maio,pela Rodovia BR-101 passando pelo território dos municípios de Macaíba, deixando-a em seguida continuando nossa viagem pela Rodovia BR-304 atravessando o território de Santa Maria, Riachuelo, Caiçara do Rio dos Ventos, Lajes, Angicos, onde paramos para  o desjejum, tomando café com vista para o Pico do Cabugi e em seguida continuamos viagem por essa rodovia até Assú onde adentramos pela rodovia estadual RN-233 e pela BR-226 até Campo Grande,de onde seguimos passando por Caraúbas, Olho d´Água dos Borges, Umarizal, Riacho da Cruz, Viçosa, Portalegre, na qual paramos para tomar um banho na cachoeira do pinga, depois subimos e descemos a Serra de Portalegre, chegando ao município de Francisco Dantas,  parando neste para analisar com moradores locais a possibilidade de visitar um Sítio Arqueológico na Serrinha dos Campos, mas fomos informados que o acesso a Comunidade de Cachoeirinha estava bem difícil por causa das últimas chuvas, então resolvemos não arriscar pois estávamos em carro sem tração nas quatro rodas, nos dirigimos para a próxima cidade, Pau dos Ferros, onde paramos para almoçar e fotografar a Igreja Católica Matriz e alguns prédios que apresentam belíssima arquitetura. 

Igreja Católica Matriz de Pau dos Ferros fotografada durante a viagem pra Luís Gomes,RN.

Vista parcial da principal Praça de Pau dos Ferros, fotografada durante a viagem pra Luís Gomes,RN.
Prédio com arquitetura belíssima,sede atual da Prefeitura de Pau dos Ferros,RN.
     Após o almoço partimos pela rodovia BR-405 cortando os municípios de Rafael Fernandes, José da Penha, Major Sales, chegando ao marco Zero da BR-405, na divisa entre os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, e em fim começamos a subir a Serra de Luís Gomes, chegando a cidade de Luís Gomes as 14:00h. Nos informamos e fomos direto para região conhecida como Cachoeira do Relo, na qual já nos aguardava o dono de parte da área do Relo e guia local,Givaldo, popularmente conhecido como ‘Galego do Relo’. 
      
Alguns integrantes do GOP prontos para iniciarem a trilha na cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.
Paisagem espetacular observada a partir do Mirante no Bar do Relo, área conhecida como cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.
     Ao chegarmos ao Bar do Relo, fomos bem recebidos e o Galego nos falou que existem três trilhas principais na área, a trilha das Cachoeiras, a trilha das mangueiras, e a trilha do Minério de Ferro. Em seguida ele nos orientou a fazermos a primeira trilha, a trilha da Cachoeiras.
Grupo Onça Pintada no início da trilha(se você vacilar,você se "rela") que dar acesso a cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.
      Iniciamos a mesma com muito cuidado por causa do grande declive sem apoio, em terreno pedregoso e escorregadio, daí decorre o nome popular "Relo", pois se você vacilar, escorrega facilmente e se "rela" literalmente. Ainda não existe infraestrutura de apoio na descida do Bar do Relo até a região das Cachoeiras, dificultando o acesso a algumas pessoas. 
Grupo Onça Pintada na trilha da cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.
Integrante do GOP ao lado de uma queda d´água na região da cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.
Cachoeira da Noiva,na região da cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.
Integrante do GOP na cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.

     Já em baixo, no canyon, seguimos o curso do riacho, observando e registrando as quedas d´água, as belíssimas formações geológicas, a fauna e flora local. A primeira cachoeira é a conhecida localmente como "Cachoeira da Noiva", ambiente muito bonito. Nessa trilha, ao longo do curso d´água ocorrem muitas pequenas quedas d´água naturais,cercadas por grandes paredões rochosos com vegetação nativa,onde residem animais nativos,constituindo belíssimas paisagens, comprovando assim, o grande potencial turístico da região do Relo para a prática do Ecoturismo,Geoturismo,Turismo de aventura e Turismo pedagógico.
O Principal ponto turístico natural de Luís Gomes, a Região do Relo,área rica em minérios e de grande biodiversidade, com grande potencial para a prática do Ecoturismo,Geoturismo,Turismo pedagógico e de Aventura.
Alguns representantes da fauna local observados durante as trilhas, destacando-se a ameaçada águia-chilena,conhecida localmente por gavião-pé-de-serra.
Alguns representantes da flora local observadas facilmente durante as trilhas.
      Ao por do sol estávamos de volta ao mirante do Bar do Relo, uma visão espetacular da região do Relo. Combinamos com o galego voltarmos no dia seguinte para fazermos as outras trilhas e seguimos em direção a cidade onde ficamos hospedados na pousada do Deda. A noite saímos para o centro da cidade para jantarmos e interagirmos melhor com a comunidade local. 
Grupo Onça Pintada na trilha das Mangueiras, região da cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.
    No domingo de manhã(25/06) as 6:30h o guia galego do relo juntou-se a nós e nos acompanhou nas trilhas das Mangueiras e do Minério de Ferro, sempre expondo seu conhecimento popular a respeito da fauna e flora local. A trilha das mangueiras é a que demonstrou ser de mais fácil deslocamento, sendo parte dela no curso do riacho com menos rochas expostas e a outra parte no interior da floresta, terminando em uma área mais aberta com a presença de grandes mangueiras velhas. Ao longo da trilha vimos e ouvimos algumas aves  como um enorme Sócó-boi,Bem-te-vi rajado,rolinhas,sibite,entre outras, e vimos também muitas pegadas de mamíferos, como raposa, gato-do-mato e guaxinim. Segundo o  guia, nesse local bem cedo é possível ver os bandos de macaco-prego que vem até a área de floresta próxima, onde tem muitas espécimes da palmeira Catolé, da qual eles pegam os frutos e levam pra locais específicos dentro da mata onde os quebram utilizando ferramentas(pequenas pedras), consumindo a "carne das amêndoas.".
Grupo Onça Pintada com o guia "Galego do Relo" na trilha do Minério de Ferro em Luís Gomes,RN.

    Após essa trilha, caminhamos de volta e ele nos conduziu por um atalho para chegarmos mais rápido a trilha do minério de ferro. A trilha do Minério de Ferro é extensa e de difícil acesso, onde tivemos atenção dobrada para não nos "relarmos". Caminhando sobre um dos enormes "paredões" que formam o vale da região(canyon) chegamos a uma área bem aberta, de onde podemos presenciar uma cena espetacular da luta pela sobrevivência na luta entre uma águia-chilena(predador) e uma serpente(presa).
"Paredão rochoso" onde observamos uma espécime de águia-chilena capturando,matando e comendo uma serpente.
    No início o guia parou e apontou para o local exato onde aquela ave de rapina faz seu ninho, e de repente ela saiu de uma escarpa rochosa e começou a sobrevoar a área vocalizando, e num instante esta voou adentrando na vegetação e na sequência saiu desta voando com uma serpente nas garras, pousando com ela sobre uma parte do paredão. Já estávamos satisfeito com o que vimos, mas a luta não havia acabado, a serpente não se deu por vencida, e num instante por algum motivo ela se livrou das garras da ave e caiu do precipício, livre do perigo por raros segundos, em um voo rápido a águia capturou o réptil novamente, levando-a para o mesmo local onde começou a matá-la, garantindo a refeição do dia. Depois desse presente da natureza, caminhamos rumo a área mais rica em minério da região, principalmente em ferro.
GOP na área conhecida por Minério de ferro, devido ao grande afloramento rochoso riquíssimo nesse metal.
Grupo Onça Pintada com o guia "Galego do Relo" no final da trilha do Minério de Ferro,Luís Gomes,RN.
Afloramento rochoso riquíssimo em ferro, com curso de água,Luís Gomes,RN.
fragmento de rocha rica em ferro sofrendo o processo de "encebolamento".
     No percurso o guia nos mostrou de longe a entrada de algumas grutas que ocorrem na área, cercadas por densa vegetação. No fim da trilha, no grande afloramento de minério de ferro, o guia nos mostrou na rocha uma "marca" que lembra o casco de  um mamífero da ordem Artiodactyla(exemplo:gado), mas acreditamos ser impossível devido ao tipo de rocha. Ele nos falou também que os norte-americanos vieram a essa área e fizeram um levantamento geológico-mineralógico e manifestaram interesse em explorar o minério de ferro nesse local, mas ele recusou a proposta dos americanos, pois a porcentagem do valor total rendido pelo minério era muito pequena para o proprietário.
Grupo Onça Pintada na trilha da cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.
Grupo Onça Pintada na trilha da cachoeira do relo,Luís Gomes,RN.
     Voltamos por dentro do riacho, caminhando sobre blocos de rochas de diversos tamanhos, formas e cores, observando a presença de muitos insetos lepidopteros(borboletas e mariposas) se alimentando de sais minerais presente sobre as rochas e no solo, como também muitos Odonatos(libélulas) que procuram essas áreas para colocarem seus ovos e acasalarem e ouvindo o canto de poucas aves. A vegetação é bastante diversificada com a presença de muitas árvores de grande porte, como Angicos-branco,Angico-vermelho, Mulungu, Umburana, Cedro, Oiticica, Craibeira, etc.
Um pouco da diversidade de espécies de borboletas e mariposas observada durante as trilhas, relo,Luís Gomes,RN.
Alguns representantes da flora local observadas durante as trilhas na região do relo, em Luís Gomes,RN.
    No meio do trajeto, paramos em um poço conhecido localmente como o poço do padre que recebeu esse nome porque o Padre Raimundo Osvaldo Rocha, em uma de suas peregrinações na região do Relo, cismou de atravessar um poço que havia no caminho. Não sabia ele que o mesmo tinha grande quantidade de areia acumulada, o que fez com que o Padre ficasse atolado e precisasse de ajuda para sair dali. Após esse acontecimento o local foi batizado com o nome 'Poço do Padre'.
Poço P-22 com água bem fria,ótimo para um banho revigorante,em Luís Gomes,RN.
     Mas na frente paramos para nos banhar no poço P-22 que recebeu esse nome porque no centro dele a profundidade é em média de 22 metros. Foi um banho revigorante, a água bem fria, nos deixou renovados após essa manhã inteira de trekking, prontos para enfrentarmos os 435 quilômetros de rodovias que separam a cidade de Parnamirim de Luís Gomes. 
De volta a cidade a cidade o galego nos levou para conhecer uma casa de farinha  do município, que estar desativada a alguns anos, mas ainda com vários objetos típicos da produção de farinha, como também outros utensílios úteis ao homem do campo.
GOP visita casa de farinha abandonada em Luís Gomes,RN.
Moenda de casa de farinha abandonada em Luís Gomes,RN.
Igreja Católica de Luís Gomes,RN.
      Em seguida ele nos conduziu até a praça na frente da Igreja Católica Matriz nos mostrando a placa que comprova a cavalgada que ele e sua filha participou de Luís Gomes a Mossoró,alusiva a passagem do bando de Lampião nas cidades da região do Alto Oeste Potiguar,  quando veio  atacar a cidade de Mossoró. Depois nos conduziu a um restaurante muito aconchegante na cidade, onde nos despedimos dele e almoçamos uma comida bem gostosa, com direito a linguiça da terra, feita no próprio restaurante e aprovada por todos os integrantes do Grupo Onça Pintada. Com as energias renovadas e muitas boas lembranças de Luís Gomes, infelizmente era hora de partirmos de volta para nossos lares, com muita saudades de tudo aquilo que vimos e vivenciamos em Luís Gomes, começamos as 14:00h nossa jornada de volta à Parnamirim, terra desses trekkeiros curiosos, era o fim de nossa excursão, as 20:30h chegamos as nossas casas.
Assim como na ida,na volta de Luís Gomes, passamos pela cidade de Portalegre,RN.

DICAS
Quer conhecer as Trilhas do Relo ou Cachoeira do Relo? Entre em contato com o guia Givaldo, popularmente conhecido como ‘Galego do Relo’pelo telefone: (84)9637-2753 .
Onde tomar café,almoçar ou jantar? No Restaurante Central que fica na rua Prefeito Francisco Fontes,119,Luís Gomes,RN. telefone: (84)9944-8699.
Onde se hospedar? Uma opção, Pousada do Deda.
PARA CONHECER A FAUNA E FLORA VISTA NESSA EXCURSÃO OU EM OUTRAS,ACESSE:http://faunaefloradorn.blogspot.com.br/
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