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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Expedição à Região Seridó Potiguar

Grupo Onça Pintada na frente da Igreja do Rosário em Acari,Rio Grande do Norte.
   Nos dias 22 e 23 de novembro de 2014 o grupo formado apenas por Elias,Francisco e Luís viajou aos municípios de Acari, Jardim do Seridó, Parelhas e Carnaúba dos Dantas, tendo como principais objetivos conhecer e registrar a atual situação do açude gargalheiras, visitar ao Museu do Sertanejo, apreciar o Geosítio Pedra Lavrada, praticar trekking ao longo do curso do rio Seridó, observar a fauna e flora da região do Seridó, encontrar o Sítio arqueológico Tanques, ir ver o Sítio arqueológico Mirador e o açude Boqueirão em Parelhas, subir no Monte do Galo e conhecer pelo menos um Sítio arqueológico em Carnaúba dos Dantas.
   Partimos de Parnamirim as 4:30h da manhã pela Rodovia BR-101 passando pelo território dos municípios de Macaíba, deixando-a em seguida continuando nossa viagem pela Rodovia BR-226,  atravessando o território de Bom Jesus,Senador Eloy de Souza,Serra Caiada,Tangará, até chegarmos a Santa Cruz, onde paramos para o desjejum, tomando café com vista para o Complexo Turístico-religioso Santa Rita de Cássia. Em seguida continuamos nossa viagem passando por Campo Redondo, Currais Novos e por volta das 7:30h chegamos a cidade de Acari, conhecida nacionalmente como a "cidade mais limpa do Brasil".
Grupo Onça Pintada na frente da Igreja do Rosário em Acari,Rio Grande do Norte.
   O tempo estava nublado, nuvens escuras no céu, parecia que ia chover naquele dia pra alegrar os sertanejos que lutam a centenas de anos com o problema climático das prolongadas estiagens nessa região de clima semiárido. Primeiramente visitamos o templo principal da Igreja Católica de Acari, a Igreja Matriz que data de 1863, um prédio com duas torres, de grande beleza arquitetônica. Mais adiante fizemos uma parada obrigatória pra quem quer conhecer  a riqueza da história e cultura do Seridó, em especial da cidade de Acari, com destaque para os ciclos do algodão e do gado nessa região, estamos falando do grande Museu do Sertanejo ou Museu de Acari localizado no prédio onde funcionava a antiga Casa da Câmara e Cadeia.
Membros do Grupo Onça Pintada(GOP) em visita ao Museu do Sertanejo ou Museu de Acari.
Membros do Grupo Onça Pintada(GOP) em visita ao Museu do Sertanejo ou Museu de Acari.
Membro do Grupo Onça Pintada(GOP) observa peças do Museu do Sertanejo ou Museu de Acari.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Acari/RN.
    Após uma viagem no tempo através da observação,análise e discussão sobre os objetos que compõe o acervo do Museu, fomos em direção ao "açude gargalheiras"(a Barragem Marechal Dutra) que abastece os municípios de Acari e Currais Novos e infelizmente nesse momento ele atingiu o menor volume de água desde a sua inauguração. Apesar da situação bastante crítica o sertanejo não perde a fé e continua acreditando que o "inverno" está próximo e será muito bom.
Vista parcial do Açude Gargalheiras em Acari com o tempo nublado.
Açude Gargalheiras em Acari,com o menor volume de água desde a sua inauguração
   Mesmo em período de seca, a paisagem no entorno do Gargalheiras, incluindo a cadeia de montanhas, a vegetação e a fauna típica da Caatinga que encantam com a sua beleza ímpar. Para nossa surpresa as nuvens escuras não eram totalmente passageiras, houve sim algumas pancadas de chuvas rápidas com o sol entre nuvens, aumentando ainda mais a esperança do seridoense de que um inverno bom está a caminho.
Alguns representantes da fauna do Seridó que foram observados e fotografados nessa Expedição.
Flores de apenas duas espécies de plantas da Caatinga Seridoense que vimos nessa viagem.
   Demos continuidade a nossa jornada, pois ainda havia muitas coisas interessantes a conhecer. Nosso segundo destino: Jardim do Seridó. Já nessa cidade nos informamos com o moto-taxistas como chegaríamos a Ponte Pedra Lavrada, deixamos a zona urbana e após cerca de 3 quilômetros avistamos esta abandonada sobre os filetes de água do rio Seridó.
Ponte da Pedra Lavrada.

Membros do GOP com guia local, praticando trekking no curso do Rio Seridó em Jardim do Seridó/RN.
   Sob a orientação do senhor Expedito, deixamos o carro nas proximidades e iniciamos nosso trekking margeando o curso do rio citado, em busca de algumas supostas gravuras rupestres em baixo relevo registradas nas rochas que margeiam o rio Seridó, contemplando e fotografando a fauna e flora local. Observamos muitas espécies de aves, como por exemplo a arribaças, martim-pescador-pequeno, socó-boi,socozinhos, garças,casaca-de-couro-da-lama, sabiá-do-campo,galos-de-campina,golinha,vem-vem, sibites, periquitos-da-caatinga,entre outras espécies animais. Após mais de duas horas(ida e volta) de trilha em relevo acidentado partimos de volta para o centro da cidade pra almoçarmos.
Igreja Santuário do Sagrado Coração de Jesus em Jardim do Seridó/RN
Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Jardim do Seridó/RN.
Primeira casa de Jardim do Seridó/RN. Ela mantêm a fachada da época quando foi construída.
   Depois do almoço e de alguns minutos de descanso, fomos conhecer alguns prédios históricos como a primeira casa da cidade, onde curiosamente se hospedou  Frei Caneca, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Ó, O Santuário do Sagrado Coração de Jesus, a Casa de Cultura, etc. Em seguida deixamos a cidade no sentido da Serra da Rajada a fim de encontrarmos o Sítio Tanques, onde se encontra um Sítio arqueológico com pinturas e gravuras rupestres. Chegando lá, fomos muito bem recebidos pela Senhora Gercina Eduarda da Silva, a dona da propriedade onde está o Sítio. Ela nos ensinou como chegarmos até lá e facilmente o encontramos. Durante a pequena trilha observamos muitas arribaças em grande bandos de passagem, muitos quero-queros,sibites, rolinha branca, rolinha-roxa, coruja-buraqueira,beija-flor,bacurauzinho-da-caatinga, etc. Em relação ao Sítio arqueológico está localizado a margem de um riacho,com um tanque natural maior, com algumas pinturas de cor predominantemente vermelha  bem "deterioradas" devido aos diversos fatores ambientais, em um dos grandes blocos dos dois que se destacam na paisagem acima do curso do riacho, e algumas gravuras em baixo relevo tanto nos blocos de rochas acima do riacho como no afloramento rochoso mais em baixo onde durante grandes invernos a água cobria.
Sítio Tanques em Jardim do Seridó/RN.
Gravuras rupestres da tradição Itaquatiara no Sítio arqueológico Tanques em Jardim do Seridó.
Gravura rupestre da tradição Itaquatiara no Sítio arqueológico Tanques em Jardim do Seridó.
Gravuras rupestre em baixo relevo no Sítio arqueológico Tanques em Jardim do Seridó.
   Esse pequeno local é muito bonito mesmo durante a seca onde as flores amarelas das caibreiras(ipê) contrastam com o céu azul, ao som do canto dos sibites e com os voos dos malabaristas beija-flores em busca de néctar em suas flores, além do espetáculo do por do sol e a fenomenal revoada de grandes bandos de aves que se reúnem no mesmo local pra dormir.
Por do sol no caminho pra Parelhas/RN.
Chegando em Parelhas/RN.
   Posteriormente continuamos nosso roteiro agora em direção a cidade de Parelhas, onde dormimos e na manhã do domingo após o desjejum iniciamos nossas atividades, primeiramente visitando um dos maiores "açudes" do Rio Grande do Norte, conhecido como Açude Boqueirão(Açude Ministro João Alves ) que é o Rio Seridó represado pela Barragem do Boqueirão.
Membros do Grupo Onça Pintada em trilha do Sítio Mirador em Parelhas/RN.
Vista parcial do "Açude" boqueirão em Parelhas/RN.
Membros do Grupo Onça Pintada no mirante na trilha do Mirador em Parelhas/RN.
   Bem próximo dali, encontra-se um dos principais Sítios arqueológicos do nosso estado, o Sítio Mirador que fica a cerca de 1500 metros do rio Seridó, possui pinturas da Tradição Nordeste da Subtradição Seridó (MARTIN, 1985), onde foram exumados “restos de enterramentos infantis parcialmente incinerados, mobiliário fúnebre composto de contas de colar de osso e de conchas marinhas, algumas lascas de quartzo sem retoque e uma de sílex finamente retocada; os restos malacológicos coletados na mesma área dos enterramentos poderiam fazer parte do enxoval ou do banquete fúnebre”. A datação radiocarbônica proveniente dos sepultamentos infantis em contato com as pinturas do Mirador, confirmou que essas foram feitas por indivíduos que viviam na região a pelo menos cerca de  9410 anos antes do presente.
Membros do Grupo Onça Pintada na passarela do Sítio arqueológico Mirador em Parelhas/RN.
"Caçada." Pinturas rupestres da tradição Nordeste, Subtradição Seridó no Sítio Mirador em Parelhas/RN.
 "Canoa".Pinturas rupestres da tradição Nordeste, Subtradição Seridó no Sítio Mirador em Parelhas/RN.
"Uso de planta". Pinturas rupestres da tradição Nordeste, Subtradição Seridó no Sítio Mirador em Parelhas/RN.
 "Animal Mamífero". Pintura rupestre da tradição Nordeste, Subtradição Seridó no Sítio Mirador em Parelhas/RN.
   A nossa visita a esse sítio foi rápida, pois já havíamos visitado o mesmo em 2009. Ao longo da trilha em meio a vegetação típica da Caatinga, observamos alguns aves que não conhecemos e outras bem conhecidas desse Bioma, como por exemplo o Cancão, Galo de campina, Periquito Tuim, entre outras mais comuns também no litoral, como Anum-branco,Anum-preto,etc. Esse sítio agora se encontra bem estruturado com escadarias de alvenaria de pedra, plataformas e passarelas em madeira de lei, além de fixação de placas de sinalização, obras realizadas em parceria entre o  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio Grande do Norte (IPHAN-RN) e a prefeitura de Parelhas que ficou responsável pela manutenção das estruturas e o controle da visitação. Em seguida partimos rumo a Carnaúba dos Dantas.
Membro do GOP no início da subida do Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
Membro do GOP no alto Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
Membro do GOP na sala de promessas do Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
Membros do GOP no cume do Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
   Assim que chegamos nessa cidade, iniciamos a subida no Monte do Galo que é considerado um Geossítio, onde para grande maioria dos visitantes o aspecto religioso sobrepõe o apelo geológico, já que foi fundado em 1927 e desde então recebe fiéis em romarias com bênçãos de Nossa Senhora das Vitórias, sendo considerado  um dos principais pontos turísticos religiosos do RN. "No local há capela, cruzeiro, estátua do galo(escultura em forma de galo que pesa 5 toneladas), sala dos ex-votos e os 12 passos de Cristo ao longo da subida.
Estátua do galo no Monte do Galo em Carnaúba dos Dantas/RN.
   Possui altura média de 155 metros, possibilitando ao visitante apreciar a vista panorâmica da cidade e das inúmeras serras da região." No topo do Monte é possível ter uma visão panorâmica da cidade e de seus arredores cercada por um complexo de serras, se destacando a imagem do Castelo do Bivar, que foi construído inspirado em um castelo renascentista francês(arquitetura medieval).
Castelo Bivar em Carnaúba dos Dantas/RN.
   Em seguida descemos do Monte do Galo e seguimos rumo ao Sítio Xiquexique acompanhados de um nativo que nos guiou até o local através das trilhas que foram revitalizadas, diferente de quando estive lá em 2008, agora os principais Sítios arqueológicos desse município apresentam escadarias de alvenaria de pedra, plataformas e passarelas em madeira de lei, além de fixação de placas de sinalização, obras realizadas em parceria entre o  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio Grande do Norte (IPHAN-RN) e a prefeitura de Carnaúba dos Dantas que ficou responsável pela manutenção das estruturas e o controle da visitação. Debaixo de sol forte em horário inadequado seguimos pelas trilhas com nosso guia até o Sítio Xiquexique 4 localizado em uma serra nos arredores da cidade de Carnaúba dos Dantas, onde são encontradas pinturas rupestres da Tradição Nordeste Sub-tradição Seridó.
Membros do Grupo Onça Pintada visitando o Sítio Xiquexique 4 em Carnaúba dos Dantas/RN.
Pinturas rupestres da tradição Nordeste do Sítio Xiquexique 4 em Carnaúba dos Dantas/RN.

   Ademais conhecemos também o Sítio Xiquexique 2. Esse apresenta-se bem ingrime, a 390 m acima do nível do mar, é uma subida cansativa para aqueles menos preparados fisicamente. "Ele forma um abrigo sob rocha com face ordenada para Sul, sendo voltado para o Rio Carnaúba. Apresenta pinturas rupestres nas cores vermelha e amarela, classificadas como sendo pertencentes à Tradição Nordeste e Subtradição Seridó, representando principalmente cenas de dança, caça e sexo."
Membros do Grupo Onça Pintada em visita ao Sítio Xiquexique 2 em Carnaúba dos Dantas/RN.
Pinturas rupestres da Tradição Nordeste do Sítio Xiquexique 2 em Carnaúba dos Dantas/RN.
Pinturas rupestres da Tradição Nordeste do Sítio Xiquexique 2 em Carnaúba dos Dantas/RN.
   Após a descida do paredão onde se encontra esse último Sítio decidimos não continuar a trilha para o Sítio Xiquexique 1 pois já era meio-dia, estávamos sem água e tínhamos programado  finalizar nossa viagem as 13:00h. Voltamos pra cidade, onde almoçamos e em seguida partimos de volta em direção a Parnamirim, terra desses andarilhos apaixonados pela natureza e história potiguar.

PARA CONHECER A FAUNA E FLORA VISTA NESSA EXCURSÃO OU EM OUTRAS,ACESSE:http://faunaefloradorn.blogspot.com.br/
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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

PONTOS TURÍSTICOS DE CAMPO REDONDO E SANTA CRUZ,RN.

Grupo Onça Pintada na parede da Barragem do Rio Trairi.
INTRODUÇÃO
   No dia 16 de fevereiro de 2014 o grupo formado pelos integrantes Francisco,Elias,Julio e Luís Mossoró viajou aos municípios de Campo Redondo e Santa Cruz com os objetivos de visitar e fotografar o “monumento alusivo a resistência sertaneja à Intentona Comunista”,praticar trekking no leito seco do rio trairi conhecendo sua  biodiversidade,conhecer o Sítio Arqueológico do Letreiro e a ponte que foi arrastada pela grande enchente de 1981, visitar o Museu Rural Auta Pinheiro Bezerra e o Alto de Santa Rita de Cássia, onde está localizada a maior imagem católica do mundo, medindo 56 metros de altura.
RESUMO DA HISTÓRIA DE CAMPO REDONDO,RIO GRANDE DO NORTE.
   “A existência de uma fazenda de gado chamada Campo Redondo, situada numa das ramificações da Serra do Doutor, na região do Trairí, já era sabida nos idos de 1894. O proprietário da fazenda, Francisco José Pacheco, decidiu construir uma capela em homenagem a Nossa Senhora de Lourdes, no ano de 1917, em virtude do sucesso na plantação de algodão e do êxito das lavouras.
Cinco anos depois, em 1922, Campo Redondo já tinha feira e uma rua única com trinta casas, começando a ganhar evidências de povoado. Em 1935, a capela foi substituída por uma igreja maior, e no ano de 1938, Campo Redondo chegou à condição de vila pertencente ao município de Santa Cruz. A vila passou a se chamar oficialmente de Serra do Doutor em 30 de dezembro de 1943, voltando depois ao nome da propriedade original que, de fato, aglutinou a população no local: Campo Redondo.
Em 26 de março de 1963, através da Lei número 2.855, sancionada pelo então Governador do Estado, Dr. Aluísio Alves, o lugarejo foi desmembrado de Santa Cruz, e tornou-se o município de Campo Redondo, com autonomia Política e administrativa.
Situado na região do Trairi, Campo Redondo está a 136 quilômetros de distância da capital, na altitude de 471 metros acima do nível do mar, contando com uma área de 214 quilômetros quadrados de extensão, onde residem 9.092 pessoas, sendo que 4.769 estão no setor urbano, e 4.323 na zona rural. Campo Redondo limita-se com lajes Pintadas, São Tomé, Currais Novos, Coronel Ezequiel e Santa Cruz.
   A economia local é voltada para a agricultura com grande produção de milho. No município ocorrem incidências minerais de Água Marinha. O artesanato apresenta objetos confeccionados com fibra de sisal, e produtos de cerâmica. O município é cortado pelo Rio Trairi e a cidade conta com o Açude Mãe D'água, que tem capacidade de armazenar 2 Milhões de metros cúbicos d'água. A festa da padroeira do município, Nossa Senhora de Lourdes, no dia 21 de novembro, é o principal evento de natureza social e religiosa de Campo Redondo.”(Transcrito do livro:Terras Potiguares,organizado por Marcus César Cavalcanti de Morais).
RESUMO DA HISTÓRIA DE SANTA CRUZ,RIO GRANDE DO NORTE.
   “A presença de colonizadores na região, primitivamente habitada pelos índios Tapuios, no século XVIII, representou o início de uma atividade pastoril. Mas esse esforço colonizador desenvolvido nas ribeiras do rio Potengi e do rio Trairi, não conseguiu agrupar em núcleo populacional. Somente em 1831, José Rodrigues da Silva, proprietário da Fazenda Cachoeira, na localidade Cachoeira, aliou-se aos irmãos, João da Rocha e Lourenço da Rocha, novos donos de terras na localidade situada às margens do rio Trairi e deram início à fundação da povoação de Santa Rita da Cachoeira. A escolha do novo local para a implantação do povoado foi feita porque na localidade de Cachoeira não havia água suficiente para suprir as necessidades de uma população. Logo muitas casas surgiram, de forma alinhada, em torno da capela construída em homenagem a Santa Rita de Cássia, da qual José Rodrigues era devoto.
O povoado foi mudando de nome com o passar dos anos. Depois de Santa Rita da Cachoeira, mudou para Santa Cruz do Inharé, depois para Santa Cruz da Ribeira do Trairi e por último, para Santa Cruz. Há uma lenda que justifica a origem da vinculação Cruz aos nomes dados ao lugar, contada em diversas versões pelos habitantes do município: um missionário, ouvindo falar que os habitantes das Ribeiras do rio Trairi sofriam as inclemências das secas, bem como ataques de animais ferozes e que entre eles havia lutas e rivalidades, resolveu visitar o povoado. Chegando lá, mandou fazer uma grande cruz com os ramos de uma árvore chamada inharé. Em frente a capela, um enorme buraco foi aberto e o missionário ordenou que nele todos jogassem suas armas, cobrissem o buraco com terra e ali fincassem a cruz. Então, disse o missionário: “Virá um padre, muito estimado, que mandará retirar esta cruz para um morro; não consintam, pois esta é a Santa Cruz do Inharé”. Contam ainda que a árvore inharé era sagrada e que atraía toda sorte de males quando seus ramos eram quebrados. Depois que o missionário ergueu a cruz de Inharé, os malefícios cessaram, as fontes jorraram água e os animais tornaram-se mansos.
   No ano de 1835, com o nome de Santa Cruz da Ribeira do Trairi, tornou-se distrito pela Lei número 24, de 27 de março de 1835. A luta para transformar o distrito em município contou com a participação fundamental do padre Antônio Rafael Gomes de Melo, do Tenente Coronel Ivo Abdias Furtado de Mendonça e Menezes e dos fazendeiros Trajano José de Faria e Félix Antônio de Medeiros.
   Desmembrado do município de São José de Mipibu, no dia 11 de dezembro de 1876, o distrito de Santa Cruz da Ribeira do Trairi, tornou-se município do Rio Grande do Norte, com o nome de Santa Cruz.”

BREVE DESCRIÇÃO DA EXCURSÃO.
      Partimos de Parnamirim as 5 horas da manhã pela Rodovia BR-101 passando pelo território dos municípios de Macaíba, deixando-a em seguida continuando nossa viagem pela Rodovia BR-226 atravessando o território de Bom Jesus,Senador Eloy de Souza,Serra,Tangará, até chegarmos a Santa Cruz, onde paramos para o desjejum, tomando café com vista para o Complexo Turístico-religioso Santa Rita de Cássia.
Monumento alusivo a resistência sertaneja à Intentona Comunista que ocorreu em 1935,na Serra do Doutor.
   Bem nutridos partimos para o próximo município daquela rodovia, Campo Redondo, com a primeira parada na subida da Serra do Doutor,especificamente no “S”,na comunidade Malhada Vermelha,onde observamos um monumento alusivo a resistência sertaneja à Intentona Comunista. Buscando expandir a revolução comunista para o interior do estado do Rio Grande do Norte, o exército vermelho avançava pelo interior do estado, quando encontrou a resistência de civis e militares da região, que já estava entrincheirados preparados para o conflito, dispersando os revoltosos, no dia 25 de novembro de 1935, durante episódio que ficou conhecido como “O Fogo na Noite da Serra do Doutor”.
Igreja Católica no centro de Campo Redondo,Rio Grande do Norte.
   Depois partimos em busca da região do Letreiro e na cidade de Campo Redondo quando estávamos nos informando a respeito da localização exata daquela, encontramos com o Senhor Cláudio(Irmão Cláudio) um grande conhecedor da região,fauna e flora nativa e guia local experiente. Ele nos acompanhou nessa aventura reveladora das belezas naturais daquele município.
Grupo Onça Pintada com o guia Cláudio na região do Letreiro,Campo Redondo,RN.
  Chegando a área conhecida pelos campo-redondenses como Letreiro,que recebeu esse nome devido a presença de pinturas rupestres em uma pedra localizada próximo ao paredão da represa, podemos ouvir uma imensa variedade de cantos de aves. O Sítio arqueológico Letreiro possui arte rupestre da tradição agreste,são pinturas, de cor vermelha, com várias manchas de tintas espalhada na pedra, alguns grafismos abstratos,figuras geométricas,figuras humanas atravessando uma ponte primitiva e figuras de animais.
Parte da pedra do letreiro com pichação e pinturas rupestres,Campo Redondo,RN.
Pintura rupestre da tradição agreste. Percebe-se pessoas atravessando um tipo de ponte sobre o rio trairi.
Figuras de animais,grafismos zoomorfos,na pedra do Letreiro,Campo Redondo,RN.
Símbolos abstratos; tradição agreste; Letreiro,Campo Redondo,RN.
   Infelizmente esse Patrimônio histórico-cultural encontra-se depredado com pichações e ameaçado como a maioria dos Sítios arqueológicos nos Brasil que não recebem nenhuma política preservacionista concreta, ficando expostos constantemente sem fiscalização e punição dos vândalos que nem ao menos respeitam a expressão artística de nossos antepassados,através da qual poderíamos no mínimo aprender um pouco mais sobre sua cultura.
Formações rochosas no curso do rio trairi,Letreiro,Campo Redondo,RN.
Pedra da Tartaruga,Letreiro,Campo Redondo,RN.
Suposta marca de pé,Letreiro,Campo Redondo,RN.
    Em seguida podemos observar atentamente o leito do rio trairi seco com pouco poços com água,pedras de diferentes formas,tamanhos e cores,grutas com morcegos,uma vegetação típica de Caatinga, com mata ciliar predominantemente arbustiva-arbórea, em boa parte do trajeto que percorremos durante cerca de duas horas e meia de trekking,caminhando a maior parte do tempo sobre rochas e em alguns momentos escalando algumas formações rochosas mais íngremes.
Representação da avifauna da região do Letreiro em Campo Redondo,RN.
Lagarto Cnemidophorus ocellifer
Sapo Rhinella granulosa.
Morcego Peropteryx sp.
   A diversidade da avifauna local nos chamou bastante atenção, pois entre 7:00h e 12:00h observamos cerca de 30 espécies de aves, como por exemplos: PeriquitoTuim, Caboclinhos, Casaca-de-couro, Saíra-amarela, Vem-vem,Pica-pau-de-pedra, Beija-flor Tesourão, Galo-de-campina, Bacurau,Balança-rabo-de-chapéu-preto,”Gaviões”,Rouxinol,Rolinha-vermelha,Rolinha-branca,etc. Durante todo o percurso caminhado cada vez mais a natureza parecia mais bela, com paisagens exuberantes em seus contrastes, entre as diferentes tonalidades de verde da vegetação, as formações rochosas de cores azuis,cinzas,pretas,amarelas e laranjas e o céu branco-acinzentado, um paraíso pra ninguém colocar defeito.
Grupo Onça Pintada apreciando a paisagem belíssima na região do Letreiro.
Formação rochosa no curso do Rio Trairi,Letreiro,Campo Redondo,RN.

Piscinas naturais,Letreiro,Campo Redondo,RN.
Piscinas naturais,Letreiro,Campo Redondo,RN.
Grupo Onça Pintada(GOP) na região do Letreiro,Campo Redondo,RN.
   Após cerca de 5 horas caminhando,escalando, observando, registrando, aprendendo e ensinando,nos despedimos do “Letreiro”, convictos do seu potencial biológico-geológico e cultural, prometemos a nós mesmos voltar outra vez, e de preferência na companhia do guia Cláudio, um nativo mateiro experiente, conhecedor por excelência da região, fauna e flora de Campo Redondo.
Antiga ponte que foi arrastada durante a grande enchente de 1981 em Campo Redondo,RN.
   Ainda nessa cidade podemos observar uma ponte antiga inteira que foi arrastada pela força das águas da grande enchente em 1981,onde o açude Mãe D’Água teve o seu rompimento durante aquele dia 1º de abril de 1981, arrastando a ponte que ficava sobre o Rio Trairi. A Ponte é considerada como marco histórico daquela tragédia.
Posteriormente continuamos nossa excursão rumo a cidade de Santa Cruz, onde iríamos visita o Museu Rural Auta Pinheiro Bezerra e o Alto de Santa Rita de Cássia. Chegando nesse município nos informamos com os moto-taxistas como chegar ao museu que estar localizado na Fazenda Boa Hora na zona rural da cidade de Santa Cruz ,distante  8 km da cidade.
Fazenda Boa Hora,Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
   Deixando a rodovia BR-226 seguimos pela pista asfaltada por dentro da cidade de Santa Cruz na pista que vai pra Coronel Ezequiel, deixamos essa pista asfaltada próximo a uma Subestação de Energia,seguindo uma estrada de terra sob orientação de placas que indicam a direção onde se encontra o Museu. A estrada é relativamente boa(sem chuvas), no caminho passamos por várias fazendas seguindo sempre a orientação das placas.
Grupo Onça Pintada próximo a entrada do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
   Ao chegarmos ao Museu fomos bem recebidos pelas guias que já sabiam de nossa vinda, pois havíamos agendado a visita com antecedência.
Capela da Fazenda Boa Hora,Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
Oratórios na Capela da Fazenda Boa Hora;Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
   A guia principal apresentou-se e começamos a visitação pela Capela da Fazenda,passando em seguida por várias cômodos temáticos, como a sala do vaqueiro,sala dos brinquedos,etc,sendo a parte interna maior do Museu, a casa da fazenda onde se encontram uma grande variedade de objetos antigos organizados também de acordo com temas gerais, como por exemplo, na sala encontra-se cadeiras antigas dos pais próximo a uma cadeira chamada “namoradeira” onde os futuros namorados se conheciam um sentado com as pernas pra um lado e outro com as pernas pro lado oposto, sem poderem se beijarem ou se acariciarem; uma estante com vários modelos de telefones antigos, câmeras fotográficas antigas e modernas, uma belíssima coleção de rádios e televisores, máquinas de costuras, diferentes modelos de relógios de parede, móveis com madeira bem trabalhada,coleção de pilões,entre outros objetos como as correntes do cativeiro do poeta Fabião das Queimadas (1848-1928), que comprou sua carta de alforria com sua poesia e tocando rabeca.
Grupo Onça Pintada(GOP) visitando o acervo do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
GOP na sala do vaqueiro;Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
GOP visitando a sala dos brinquedos no Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
Acervo do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
Acervo do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
Relógios do acervo do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
Objeto da coleção de móveis do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
 Acervo do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
   Enquanto que na parte externa do Museu observamos 20 modelos de cercas, a casa de taipa e ovenaria, o jardim das Cactáceas,o jardim das lembranças, a árvore da felicidade, alguns modelos de carros-de-bois, moendas e outras máquinas.
Carros de bois do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
Moenda,do acervo do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
Máquinas do acervo do Museu Auta Pinheiro Bezerra,Santa Cruz,RN.
   Após a visita agradável e culturalmente enriquecedora ao Museu Rural Auta Pinheiro Bezerra partimos em direção ao Complexo Turístico-religioso Santa Rita de Cássia localizado próximo a BR-226. Chegando lá, registramos a beleza e a grandiosidade da estátua vista de perto, e também a presença de muitos visitantes, inclusive de outros estados, como da Paraíba. Devido a proximidade com a BR-226 muitos transeuntes que trafegam por essa rodovia resolvem tirar alguns minutos da sua viagem para conhecer a maior estátua católica do mundo, medindo 56 metros de altura.
Parte superior da Estátua de Santa Rita de Cássia,Santa Cruz,RN.
Estátua de Santa Rita de Cássia,Santa Cruz,RN.
Complexo Turístico-Religioso Santa Rita de Cássia,Santa Cruz,RN.
Grupo Onça Pintada no Alto de Santa Rita de Cássia,Santa Cruz,RN.
   Erguida em concreto, medindo 56 metros de altura (42 da imagem, 6 de base e 8 do resplendor), ela foi construída pelo escultor Alexandre Azedo, auxiliado por 30 operários. O artista é filho de Armando Lacerda, responsável pela construção da estátua do Padre Cícero do Juazeiro do Norte, no Ceará. Já era tarde,começava a escurecer, quando saímos de Santa Cruz em direção a Parnamirim, cidade onde residem esses norte-riograndenses apaixonados pela biodiversidade e história potiguar, conhecidos como Grupo Onça Pintada ou simplesmente GOP.

DICAS
Quer conhecer a região do Letreiro e ou Sítio Arqueológico do Letreiro em Campo Redondo? Entre em contato com o guia Cláudio pelo telefone: (84) 8793-6191.
Quer visitar  O Museu Rural Auta Pinheiro Bezerra? Agendamentos poderão ser feitos através do telefone: (84) 9982 3518. Falar com o Sr. Elias Damasceno. O Museu está aberto para visitação aos sábados e domingos, das 9 às 17 horas.
PARA CONHECER A FAUNA E FLORA VISTA NESSA EXCURSÃO OU EM OUTRAS,ACESSE:http://faunaefloradorn.blogspot.com.br/
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