sábado, 7 de dezembro de 2013

LAJES: SERRA DO FEITICEIRO,SÍTIO ARQUEOLÓGICO,FAUNA E FLORA.

Grupo Onça Pintada e Trilheiros da Caatinga se preparando para começar a trilha.
 INTRODUÇÃO.
     No dia 03 de novembro de 2013 o grupo formado pelos integrantes Chagas,Elias,Francisco, Julio e Luís Mossoró, viajou ao município de Lajes com os objetivos de subir a Serra do Feiticeiro,conhecer o Sítio Arqueológico da Fazenda Santa Rosa,que apresenta arte rupestre das tradições Itaquatiara e Agreste,além de conhecer um pouco da fauna e flora local.
RESUMO DA HISTÓRIA DE LAJES-RN. 
     "Os primeiros sinais de povoamento da região ocorreram com a existência, nos idos de 1825, de uma fazenda pertencente a Francisco Pedro de Gomes Melo. A área de clima seco e agradável passou, cada vez mais, a receber famílias de trabalhadores da agricultura. A localidade de Lajes, por estar estrategicamente situada nos caminhos do sertão, desde o início tornou-se um importante ponto de encontro e descanso de boiadeiros e fazendeiros em viagens à procura de negócios, que aproveitavam a parada obrigatória para refrescar o comboio e completar a carga vendida. No ano de 1914 dois episódios mudaram a vida de Lajes: em julho aconteceu a chegada da estrada de ferro, impulsionando o desenvolvimento da região; e no dia 25 de novembro, pela lei nº360, sancionada pelo então Governador do Estado, Dr. Joaquim Ferreira Chaves Filho, foi criado o município de Lajes. A cidade mudou de nome no dia 30 de dezembro de 1943, passando a se chamar Itaretama,que significa região de pedras. Dez anos depois, em 11 de dezembro de 1953, voltou a se chamar Lajes. Lajes estar localizado na Região Central do estado, distante 125 quilômetros da capital Natal, estando a 199 metros de altitude, contando com área de 668,6 quilômetros quadrados de extensão."(Transcrito do livro: Terras Potiguares, da autoria de Marcus César Cavalcanti de Morais.).
BREVE DESCRIÇÃO DA EXPEDIÇÃO.
     Saímos de Parnamirim por volta das 5:00h da manhã e chegamos as 6:30h em Lajes, indo direto tomar café na Churrascaria Chimarrão ao lado do Posto de Combustível Odom. Em seguida encontramos o grupo Trilheiros da Caatinga que foram nossos guias durante toda excursão em Lajes. 
Vista parcial da Serra do Feiticeiro, Lajes,Rio Grande do Norte.
     Começamos nossa trilha indo para a Serra do Feiticeiro,uma imensa formação geológica com pontos mais elevados em torno de 400 metros, que recebeu esse nome porque segundo uma lenda disseminada no município há muitos anos atrás, durante o processo "colonização"(de extermínio) dos nativos(índios) por parte dos Europeus,habitou um velho índio que escapou dos invasores escondendo-se nesse complexo serrano. Dizem que o velho xamã era descendente dos Tapuias,e que lá ele conseguiu conviver de maneira pacífica com os colonos que ali chegaram, devido principalmente aos seus conhecimentos com ervas medicinais, a partir dos quais realizava rituais,incensos e porções que curavam animais dos criadores da região e pessoas, sendo por isso denominado como o Feiticeiro da Serra.
Início da trilha principal na Serra do Feiticeiro,Lajes-RN.
     Depois de alguns minutos em estrada pedregosa na zona rural de Lajes, chegamos a base da principal trilha que termina na capela, esta fica próximo ao local onde foi encontrado uma criança morta em 1903, que segundo moradores mais antigos era um menino que se chamava José Alexandrino, tinha cinco anos e acompanhava a mãe quando pastoreava cabras pelas redondezas da serra que se perdeu da mãe e após três dias de buscas, encontraram-no em estado de putrefação, deitado sob uma pedra,perdido havia morrido de sede e fome. Desde então os Lajenses reconhecem o local como solo sagrado.
Integrante do GOP de lado de Imburuna(Bursera leptophloeos) na subida da Serra do Feiticeiro.

     Começamos a trilha íngrime tranquilamente com os amigos do grupo "Trilheiros da Caatinga", onde observamos uma vegetação típica de Caatinga,com predominância de plantas de porte herbáceo e arbustivo,com a imensa maioria dos espécimes descopadas devido ao período de seca, uma adaptação da flora desse tipo de Caatinga, evitando a perca de água através da transpiração que ocorreria através dos estômatos presentes nas folhas. Os poucos exemplares que vimos com frequência que ainda não haviam perdido suas folhas, pertenciam a espécie Aroeira, e as únicas espécies vegetais que coloriam a acinzentada paisagem rupestre eram os Mandacarus,Xiquexiques,Facheiros,Coroas-de-frade, representantes da família Cactaceae e algumas "bromélias" da família Bromeliaceae.
Xique Xique Pilosocereus gounellei.
Coroa de frade,família Cactaceae.
Coroa de frade,família Cactaceae.
Representante típico da família Bromeliaceae.
      Quanto a fauna durante a trilha, a grande maioria dos animais não quis se apresentar, apenas a lagartixa comum e poucas aves,destacando-se a presença do periquito-da-caatinga. Durante a caminhada algumas paradas estratégicas para contemplar,fotografar e ouvir os guias falarem um pouco sobre a Serra do Feiticeiro,as lendas da região e suas aventuras ali vívidas, e pouco tempo depois chegamos a Capela que possui um cruzeiro fincado em sua frente pelos religiosos que todos os anos fazem romaria ao local sempre no dia 03 de maio.
Grupo Onça Pintada subindo a Serra do Feiticeiro com guias.
Capela que recebe romeiros todos os dias 3 de maio.
Grupo Onça Pintada e guias descansando em frente a capela.
     Parada obrigatória para fotos e muita prosa e depois caminhamos até a Pedra do Anjo onde teriam encontrado o corpo de menino morto em 1903. Dali voltamos pois tínhamos um roteiro extenso para completarmos durante aquele dia. De volta a base da trilha fomos ainda visitarmos o início da Mina Boa Vista, adentramos apenas uns 80 metros por questões de segurança, o que foi suficiente para viajarmos no tempo e imaginarmos como teria sido o período de auge naquela mina e em outras da região. 

Grupo Onça Pintada na pedra do anjo,local onde encontraram o corpo de menino em 1903.
Grupo Onça Pintada na entrada da Mina Boa Vista 1.
Grupo Onça Pintada em galeria subterrânea na Mina Boa Vista 1 com o guia Cícero.
     Em seguida partimos em direção a cidade, onde abastecemos o transporte com combustível e continuamos nossa expedição pela zona rural de Lajes, agora em direção as terras da Fazenda Santa Rosa. Durante o percurso de cerca de 21 quilômetros de até as terra da fazenda, vimos algumas aves como muitos Periquito-da-caatinga,Galos-de-campina,Rolinha,Concriz, etc, e uma vegetação "esbranquiçada", típica desse tipo de Caatinga,que literalmente quer dizer "Mata branca", o que de fato é verdade nessa época no ano, com a seca.
Integrante do GOP no leito do rio seco entre formações rochosas onde se encontra muita arte rupestre.
 GOP no leito do rio seco entre formações rochosas onde se encontra muita arte rupestre
     Ao chegarmos ao local combinado,deixamos os carros e seguimos caminhando ao longo do curso de um rio seco por cerca de dois quilômetros e meio em busca da área onde tem belíssimas formações rochosas com muita gravuras e pinturas rupestres.
     No trajeto a biodiversidade se apresenta de várias formas,tamanhos e cores, como plantas das famílias Cactaceae,trapiás,coroa-de-frade,facheiro,mandacaru,Bromeliaceae,bromélias rupícolas e terrestres,Euphorbiaceae,urtigas,favela,Fabaceae,Angico-vermelho,Jurema-preta,Catingueira,Anacardiaceae,Aroeira,entre outras espécies vegetais; pequenas libélulas,borboletas,abelhas,aranhas,representantes típicos do diversificado grupo dos artrópodes; aves como Carcará,Gavião Carijó, Urubus, Rolinha-branca, Rolinha Cascavel,Rolinha-Vermelha, Concriz, Galo de Campina, Casaca de couro, Bem-ti-vi,além de algumas aves não identificadas por nós; alguns representantes dos répteis como lagartixa-comum,lagartixa-do-lajedo, lagartixa-da-caatinga, calanguinho e o maior presente da natureza durante a trilha a presença de uma belíssima cascavel com cerca de 1,30m de comprimento.
Representante típico da família Bromeliaceae.
Xique Xique Pilosocereus gounellei; Família:Cactaceae.
Quipá Tacinga inamoena; Família:Cactaceae..
Aroeira-do-Sertão Myracrodruon urundeuva.
     O integrante do Grupo Onça Pintada Francisco estava tentando fotografar um calanguinho na borda da vegetação quando de repente olhou para uma pedra próximo onde estava e viu a cascavel repousando numa cavidade entre as pedras, com uma teia de aranha próximo a entrada. Com objetivo de analisarmos suas condições físicas(saúde) e de fotografarmos tiramos cuidadosamente ela sob a orientação do Biólogo. O que vimos foi uma serpente com cerca de 1,30m,bem gorda,forte,saudável(aparentemente) com idade estimada em aproximadamente 4 anos. após algumas fotos ela voltou tranquilamente para sua "casa" sem manifestar nenhum sinal de stress ou agressividade.


Calanguinho forrageando Cnemidophorus ocellifer.
Lagartixa da Caatinga Phylopezus  periosus escondido em cavidade rochosa.

Lagartixa de lajedo Tropidurus semitaeniatus.
Cascavel Crotalus durissus.
     Mas na frente começamos a ver e analisar a enorme quantidade de desenhos e pinturas rupestres registradas nas formações rochosas que margeiam o leito do rio. Até onde fomos presenciamos principalmente a presença de arte rupestre da Tradição Itaquatiara, com muitas gravuras e inscrições em baixo relevo feitas nas rochas, são desenhos,linhas,círculos, de difícil interpretação até mesmo para os arqueólogos, e algumas gravuras foram feitas em baixo relevo e posteriormente foram pintadas. 
Seria a tentativa de representar a figura humana? Arte rupestre,Tradição Itacoatiara.

Se for um hominídeo por que será que ele foi representado com uma mão tão grande?
As gravura mais enigmática que vimos: seria a tentativa da representação de várias pessoas em plena Tradição Itacoatiara?

Inscrições da Tradição Itacoatiara. Seria uma forma de contagem? ou Seria apenas marcas deixadas por objetos sendo refinados?

Arte rupestre da Tradição Itacoatiara.

Arte rupestre da Tradição Itacoaatiara em primeiro plano e pinturas da Tradição Agreste em segundo. Figura antropomorfa.

Arte rupestre da Tradição Agreste. Animal quadrúpede com longo focinho?

Arte rupestre das Tradições Agreste e Itacoatiara. No centro Ave feita em baixo relevo e pintada posteriormente.
     Apesar da predominância dessa tradição nesse Sítio Arqueológico, existe também algumas pinturas rupestres da Tradição Agreste, representadas ali através das marcas de carimbo de mãos,grandes aves, figura antropomorfa isoladas,figuras zoomorfas isoladas, todas pintadas com coloração avermelhada. Após registrarmos tudo que foi possível caminhamos de volta debaixo de "sol escaldante" até o ponto inicial da trilha, onde nos hidratamos e depois seguimos para a cidade para almoçarmos. Após almoçarmos no "restaurante O Cabrito do João" às margens da BR-304 uma comida muita gostosa, voltamos a zona rural de Lajes para conhecermos um túnel centenário que foi construído cortando uma serra, com comprimento de aproximadamente 150 metros,talvez uns 4 metros de altura e cerca de 3m de largura.

Integrante do GOP na entrada do túnel da Ferrovia Lajes/Cerro Corá que nunca funcionou.
Morcegos no teto do Túnel da Ferrovia Lajes/Cerro Corá..
     O Túnel fica na Fazenda Arara distante cerca de 12 quilômetros da zona urbana de Lajes. Ele faria parte de uma enorme ferrovia que ligaria Lajes a Cerro Corá e consequentemente também a Caicó, mas ela nunca funcionou como estava planejado inicialmente. Segundo o Historiador Cícero do grupo Trilheiros da Caatinga, problemas financeiros levaram o Governo Federal a rescindir o contrato com a empresa construtura inglesa Great Western em 1920, assumindo ele as obras que foram abandonas com o passar do tempo. É um local fascinante, de beleza rústica, que mostra claramente como o ser humano tem o poder de modificar o meio ambiente em busca de facilitar sua vivência, já que por exemplo iria diminuir a dificuldade de escoamento de mercadorias e talvez facilitar o deslocamento de pessoas a diferentes regiões do nosso estado. Após atravessarmos o túnel chegamos até a construção da estrutura de pontilhão feita provavelmente com pedras extraídas do próprio túnel, com quase 100 anos "o paredão" continua intacto, o integrante Elias do Grupo Onça Pintada comentou: "é impressionante como estar ileso, parece até que foi feito ontem, tudo isso tem a grande contribuição do clima quente da região que a mantém bem conservado até hoje em termos estéticos".
Integrante do GOP sobre o pontilhão com cerca de 100 anos da ferrovia Lajes/Cerro Corá.
     O Clima é quente mas no momento da nossa estada ali o  tempo mudou, Com o crepúsculo, rapidamente começaram a se formar grandes nuvens escuras que vinham da região do Seridó, acompanhadas de relâmpagos e trovões, já era hora de encerrarmos nossa expedição, mesmo faltando conhecer a casa de pedra que ocorre ali perto. O tempo parecia ter sido programado minuciosamente,pois ao entrarmos no carro de apoio, as nuvens descarregaram,chuva forte, ocorrendo assim condensação, alegrando o final daquela grande Expedição. As 18:00h chegamos na cidade de Lajes, era o fim de uma grande aventura guiada pelo grupo "Trilheiros da Caatinga" que não tem medido esforços em conhecer e divulgar a cidade de Lajes, além de guiar grupos que tenham interesse em conhecer a cultura,história e natureza do município de Lajes. Depois de pagarmos o valor estabelecido pelos guias, nos cumprimentarmos, despedimo-nos felizes e convictos de termos alcançados nossos objetivos, a fim de divulgar mais um município do Rio Grande do Norte, sendo essa uma de nossas metas, mostrar o que cada município do RN tem de melhor para o mundo conhecer, valorizando nossa biodiversidade,nossa história e cultura.                        

DICAS:
Quer conhecer a Serra do Feiticeiro, Sítio Arqueológico da Fazenda Santa Rosa, Túnel da Fazenda Araras? Entre em contato com os guias: Cícero pelo tel:9603-5473; Leandro Souza pelo tel: 9938-0853 ou Eudes pelo tel: 9600-1659.
Onde almoçar uma comida gostosa em Lajes? No Restaurante O Cabrito do João" às margens da BR-304.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS:
O Grupo Onça Pintada agradece a todos que fazem o grupo Trilheiros da Caatinga, em especial aqueles que estiveram conosco nessa Expedição: Cícero,Leandro Souza,João Augusto e Ewerton. também não podemos esquecer do motorista do carro de apoio que esteve o dia inteiro conosco, e a todas as pessoas hospitaleiras que conhecemos em Lajes.



PARA CONHECER A FAUNA E FLORA VISTA NESSA EXCURSÃO OU EM OUTRAS,ACESSE:http://faunaefloradorn.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

VIAGEM A SÍTIO NOVO E TANGARÁ.



Grupo Onça Pintada em visita ao Castelo do Zé do Monte,Sítio Novo/RN.

INTRODUÇÃO.
    No dia 15 de setembro o grupo formado pelos integrantes Francisco,Chagas e os convidados especiais Aldair e Patrícia viajou aos municípios de Sítio Novo e Tangará com o objetivo de visitar e registrar o Castelo do Zé do Monte, a Serra de São Pedro, o Sítio arqueológico da pedra do Letreiro e a Fazenda Irapuru de Theodorico Bezerra,que foi um líder político de grande influência na região agreste do Rio Grande do Norte.

RESUMO DA HISTÓRIA DE SÍTIO NOVO.
“As terras da Fazenda Grossos, pertencentes ao Capitão Amaro de Barros Lima em 1787,abrangia a serra de Grossos e situava-se à margem do riacho São Pedro, afluente do rio Potengi. Nessas terras nasceu uma povoação formada em sua maioria por agricultores tendo à frente o grande incentivador e fundador do povoado de Grossos, o senhor Francisco Ferreira Lima, popularmente conhecido como “Seu Chicó”. Incentivado por Seu Chicó o povoado mudou de nome, passando a ser chamado de Sítio Novo. Em 1913, foi construída uma capela em homenagem a São Francisco de Assis. No dia 31 de dezembro de 1958, de acordo com a Lei número 2,339, o povoado Sítio Novo foi desmembrado do município de São Tomé e elevado à categoria de município do Rio Grande do Norte.”(IDEMA,2008). Localizado na região trairi do Rio Grande do Norte, Sítio Novo estar a 99 quilômetros de distância de Natal, a 175 metros de altitude, sendo sua área de 213 quilômetros quadrados de extensão, onde residem 5.020 habitantes.

RESUMO DA HISTÓRIA DE TANGARÁ .
“Era final do século XIX, quando numa localidade chamada Riacho, situada às margens de um afluente do rio Trairi, surgiram os primeiros sinais de crescimento, decorrentes da atividade pastoril e do cultivo do algodão. O povoado de Riacho, pequeno e desconhecido no começo desse século, passou por uma grande mudança, quando em 1914, com a construção de uma estrada de rodagem que ia de Macaíba a Santa Cruz, passando pelo povoado, criou novas perspectivas para seus habitantes. Riacho que era um lugarejo despovoado, ressurgiu para o progresso graças ao tráfico rodoviário. A inauguração da estrada em 1917, facilitou o escoamento da crescente produção algodoeira e ajudou o crescimento do povoado. Em 1936, por iniciativa do Sr. João Ataíde de Melo, foi construída a capela em homenagem a Santa Terezinha, padroeira local. Por iniciativa do Major Teodorico Bezerra, industrial, agropecuarista, Deputado Federal e líder na região, o nome do povoado foi mudado para Tangará. Tangará é o nome de um pássaro que se caracteriza pelo costume de andar aos saltos, conhecido como pássaro pulador. O povoado crescia e já se pensava em sua autonomia política. No dia 26 de novembro de 1953, pela Lei no 931, Tangará foi elevado à categoria de distrito. Em 31 de dezembro de 1958, por força da Lei no 2.336, Tangará tornou-se município do Rio Grande do Norte, desmembrado de Santa Cruz e instalado no dia 28 de janeiro de 1959.”(IDEMA,2008). Localizado na região trairi do Rio Grande do Norte, Tangará estar a 82 quilômetros de distância de Natal, a 186 metros de altitude, sendo sua área de 360 quilômetros quadrados de extensão, onde residem 14.175 habitantes.

BREVE DESCRIÇÃO DA EXCURSÃO.
    Partimos de Parnamirim as 6 horas da manhã pela Rodovia BR-101 passando pelo território dos municípios de Macaíba, deixando-a em seguida continuando nossa viagem pela Rodovia BR-226 atravessando o território de Bom Jesus,Senador Eloy de Souza até chegarmos em Tangará, onde paramos para “tomar café”. Com as enrgias renovadas seguimos em direção a cidade de Sítio Novo pela rodovia estadual RN-118 distante cerca de 18 quilômetros do centro de Tangará. No trajeto podemos observar poucos fragmentos de vegetação de Caatinga ainda verde, provavelmente devido ao inverno que chegou tarde esse ano e muitas áreas cultivadas com monoculturas de milho e feijão com frutos, o que me fez lembrar a primeira vez que visitei Sítio Novo com o Grupo Onça Pintada em 2009.

Igreja Católica de Sítio Novo,Rio Grande do Norte.

Grupo Onça Pintada(GOP) próximo ao açude Barra do Tapuia,Sítio Novo.

    Ao entrarmos na zona urbana de Sítio Novo fizemos a primeira parada para fotografarmos o templo da Igreja Católica e observarmos a beleza do maior reservatório de água do município, o açude Barra do Tapuia com capacidade de armazenar 3 milhões e meio de metros cúbicos de água que serve a população humana local e a fauna, onde visualizamos em suas águas e adjacências, aves como garças,urubu-de-cabeça-vermelha, paturi,andorinhas e alguns pássaros.

Açude Barra do Tapuia,Sítio Novo/RN.

Garça Vaqueira(Bubulcus ibis) no açude da Barra do Tapuia

    Continuamos nossa excursão subindo a Serra do Tapuia, através da pista estreita e bastante íngrime em parte do trajeto, cercada por vegetação típica do bioma Caatinga, com vegetação principalmente herbácea e arbustiva. Após a subida inicialmente elevada da Serra a estrada de paralepípedos é intercalada com estrada não calçada na parte superior da Serra, onde reside grande parte da população de Sítio Novo. Poucos minutos depois começamos a ver a maior atração turística de Sítio Novo, o Castelo do Zé do Monte, uma visão espetacular de uma construção mística,curiosa e fascinante.

Castelo do Zé do Monte,Sítio Novo,Rio Grande do Norte.


Castelo do Zé do Monte,Sítio Novo,Rio Grande do Norte.

    Conhecido também como Castelo do Labirinto, o Castelo do Zé do Monte foi construído em 1984 pelo senhor José Antônio dos Montes,reformado do Exército, que afirma que construiu esse castelo para antender uma missão que recebeu durante visões que teve de Nossa Senhora em sonhos desde os 7 anos de idade.

GOP no Castelo do Zé do Monte,Sítio Novo,Rio Grande do Norte.

    Ao chegarmos a entrada da propriedade onde se encontra o Castelo vimos uma placa informando que só seria aberto as 9:00h, mas conseguimos nos informar com moradores vizinhos onde mora o filho do dono das terras e construtor do Castelo. Um garoto bem hospitaleiro que mora lá perto foi avisá-lo que estávamos aguardando a presença dele para que pudessemos visitar o Castelo. Pouco tempo depois ele chegou nos cumprimentando e nos dando total atenção, abrindo a porteira e as portas do castelo para que pudessemos conhecer todas as suas repartições.

Pica pau anão canela da Caatinga(Picumnus fulvescens)

Ave não identificada por nós.

Integrante do GOP na entrada dos labirintos do Castelo.

    Fomos bem recepcionados também pela natureza local com a presença de um lindo Pica-pau em um coqueiro morto logo na entrada da propriedade. Entramos no primeiro labirinto que terminou em uma área aberta que funciona como um mirante. Voltamos e seguimos por outro labirinto onde encontramos alguns morcegos pendurados no teto e mais na frente chegamos ao salão principal do castelo.

Grupo Onça Pintada em salão principal do Castelo do Zé do Monte.

Labirintos e torres vistos de cima em Castelo do Zé do Monte.

    Mais adiante entramos em outros salões adjacentes onde estão algumas “esculturas de imagens de santos”, em seguida subimos as escadas chegando ao topo do Castelo, uma pequena área que permite uma visão ampla da região, recebendo fortes ventos por ser um espaço aberto.


Esculturas religiosas no interior do Castelo.

Integrante do GOP em reservatório de água próximo ao Castelo.

    Em seguida descemos e encontramos outro grupo de pessoas que vieram visitar o Castelo. Conversamos e entrevistamos seu filho Joseildo, ele nos disse que o Castelo foi construído por iniciativa do seu pai, sem apoio dos órgãos públicos, e hoje mesmo tendo atraído a atenção de turistas de várias partes do Brasil, inclusive de estrangeiros que visitam-o e movimentam a economia local,além de divulgar a cidade de Sítio Novo, o Castelo não recebe nenhum apoio da prefeitura, sendo reformado sempre que possível apenas com investimentos do proprietário e dele.

Pedra do Sapo,Sítio Novo-RN.

Formações rochosas em Sítio Novo. a maior(direita) é a pedra do tamanduá.

    Nos despedimos e fomos almoçar no Bar e Restaurante Caminho do Castelo que fica próximo ao Castelo, onde nos alimentamos muito bem. Posteriormente seguimos por estradas de terra estreitas em direção a Serra de São Pedro. Na Área de Proteção Ambiental Pedra de São Pedro caminhamos pelas trilhas do Titanic e trilha Cavalo de Tróia, que na verdade “é um presente de grego”, pois parece ser uma trilha boa mas não é.


Serra de São Pedro,Sítio Novo-RN.

Phyllopezus periosus.

Tropidurus semitaeniatus.

    Nessas trilhas vimos alguns representantes dos Répteis típicos da Caatinga,como a lagartixa comum Tropidurus hispidus,lagartixa da Caatinga Tropidurus semitaeniatus e pela primeira vez registrei a espécie Phyllopezus periosus .

Integrante do GOP em Sítio Arqueológico do Letreiro,Sítio Novo-RN.


Pintura rupestre da tradição agreste, na pedra do letreiro,Sítio Novo-RN.

Pintura rupestre da tradição agreste, na pedra do letreiro,Serra de São Pedro.

Pintura rupestre da tradição agreste, na pedra do letreiro,Sítio Novo-RN.


Pintura rupestre da tradição agreste, na pedra do letreiro,Sítio Novo-RN.

    Nessa área também visitamos o Sítio arqueológico “Pedra do Letreiro”, que possui algumas pinturas rupestres da tradição agreste, com desenhos de grandes aves que provavelmente seriam emas que eram comuns na região, marcas de carimbo de mãos e algumas figuras abstratas, feitas por “índios” que viviam na região. Felizes por termos alcançados nossos objetivos em Sítio Novo partimos rumo a Tangará com o proporósito de conhecermos a fazenda Irapuru que chegou a ter cerca de três mil moradores durante a época em que Theodorico estava ativo na política potiguar e o Museu do “Major” Theodorico Bezerra.

Parte do Grupo Onça Pintada na entrada da fazenda Irapuru,Tangará-RN.

    Ele foi Deputado Estadual em 1947, pelo PSD (Partido Social Democrático), eleito Deputado Federal por várias vezes e Vice-Governador,tornando-se um líder político de influência no nosso estado. Prova disso é que foi tema de um documentário intitulado “Theodorico Imperador do Sertão”, dirigido por Eduardo Coutinho e apresentado no programa Globo Repórter, da Emissora Globo em 1978.


Busto de Theodorico Bezerra em frente a Capela Santa Rita de Cássia.

   Facilmente encontramos uma das estrada que dar acesso a fazenda Irapuru de 14 mil hectares,com um fragmento de vegetação de Caatinga onde vimos muitas aves como Rolinha-branca(Columbina picui),Rolinha-caldo-de-feijão(Columbina talpacoti), casaca de couro(Pseudoseisura cristata), Galo-de-campina(Paroaria dominicana) cabolinhos, vem-vem (Euphonia chlorotica), etc. Entretanto ao chegarmos a comunidade onde se encontra a fazenda procuramos nos informar quem é o responsável por controlar a visitação a fazenda e ao seu Museu, e os moradores nos disseram que só entraríamos lá com a autorização de Valdecir que mora na cidade de Tangará.


Salão com muitas frases atribuídas ao "Major" Theodorico Bezerra.

    Infelizmente não sabíamos dessa informação e depois de explicarmos o motivo da nossa visita a Dona Terezinha, ela telefonou para Valdecir que permitiu nossa entrada para fotografar e filmar externamente a fazenda. Ficamos impressionados com a grande quantidade de frases atribuídas a Theodorico escritas nas paredes dos prédios no interior da propriedade,algumas delas deixam evidente a idéia de um homem trabalhador e otimista.

Castelo em estilo medieval com mais de 50 anos.

Integrantes do GOP em visita ao Castelo da fazenda Irapuru,Tangará-RN.

Antigo carro de boi da fazenda Irapuru,em Tangará-RN.

    Vimos também um castelo estilo medieval muito bonito construído só com pedras, antigos carro-de-bois e na frente da fazenda existe a Capela Santa Rita de Cássia onde Frei Damião pregou, na frente da capela tem um busto de Theodorico Bezerra e uma estátua de Frei Damião(grande amigo de Theodorico), uma escola, creche,posto de saúde e mercado público que resistem ao tempo nos revelando um legado histórico de uma época de fartura e da grande influência política do “último dos Coronéis” na vida de muitas famílias até os dias atuais, onde residem cerca de 30 famílias.

Capela Santa Rita de Cássia da fazenda Irapuru,em Tangará-RN.


Estátua de Frei Damião,grande amigo de Theodorico Bezerra.

Antiga escola da fazenda Irapuru em Tangará-RN.

Antiga creche da fazenda Irapuru em Tangará-RN.

   Após conhecermos a fazenda e suas adjacências agradecemos a atenção dos moradores próximos e seguimos de volta para nossa terra, Trampolim da Vitória.

DICAS:
Quer visitar o Castelo do Zé do Monte? Entre em contato com Joseildo,filho de “Zé do Monte” pelo telefone: (084)8751-8972 ou (084)9970-9130.
Quer visitar a fazenda Irapuru de Theodorico Bezerra? Procure por Valdecir no centro de Tangará que todos conhecem, pois só ele tem autorização dos familiares de Theodorico para mostrar a fazenda e o Museu que conta a história de Theodorico.
PARA CONHECER A FAUNA E FLORA VISTA NESSA EXCURSÃO OU EM OUTRAS,ACESSE:http://faunaefloradorn.blogspot.com.br/

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